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Chapter 6 - 6 - Os 16 melhores

Os gritos que ecoavam pela arena não eram apenas simples manifestações de torcida. Eram algo mais profundo, primitivo e instintivo. Era a fome por sangue, glória e pela brutalidade dos embates que estavam prestes a acontecer. Cada voz vibrava com uma intensidade febril, quase tribal, alimentando a tensão palpável que pairava sobre o vasto campo mágico.

Finalmente, os duelos haviam começado.

O campo de batalha era imponente, circular e envolto por uma cúpula translúcida feita de energia cristalina. O chão era coberto por pedras encantadas e cuidadosamente marcadas por runas arcanas que absorviam os impactos, minimizando as mortes indesejadas—pelo menos para aqueles lutadores que ainda tinham algum juízo.

Bryan permanecia sentado à distância, isolado dos demais candidatos aprovados nas fases anteriores. Desde o momento em que chegara, ele não dissera uma única palavra, mantendo-se imóvel como uma estátua de gelo, olhos fixos em cada combate, analisando tudo com uma precisão fria e calculista. Ele não estava ali por glória, fama ou prestígio. Estava ali por algo muito mais fundamental.

Entre quinhentos candidatos iniciais, apenas oitenta haviam sobrevivido até agora. Destes, somente vinte seriam aceitos na prestigiosa Classe E-1. Os primeiros dezesseis ganhariam reconhecimento, mas apenas os quatro mais fortes receberiam algo ainda mais raro: fama real.

Mas tudo isso era irrelevante para Bryan. Ele observava os padrões dos lutadores, seus erros, suas fraquezas expostas. Cada detalhe era capturado por seus olhos ávidos, consumidos pela fome de aprender e dominar.

— Então é assim que esses magos lutam…? — murmurou Bryan, quase inaudível, enquanto analisava um confronto próximo. Um jovem conjurava explosões de fogo em grandes arcos ardentes, cercando sua adversária—uma arqueira rápida que dançava agilmente entre as chamas usando magia de vento.

Mais à frente, dois espadachins se enfrentavam em um combate ágil e feroz, mas previsível. Bryan já identificara o vencedor após três movimentos.

Alguns rostos já começavam a se destacar perante a multidão e os examinadores atentos nas arquibancadas:

Kael von Rheinhardt, o bastardo da Casa Vermillion, exibia uma técnica implacável com sua lança encantada, desferindo golpes precisos que arremessavam seus adversários para fora do círculo de luta.

Seryna Valtoris, a orgulhosa descendente dos conjuradores do norte, invocava gelo com facilidade assustadora, derrotando oponentes antes mesmo que pudessem se mover.

Ruden Haldrak, o gigante brutal da Guilda dos Filhos de Gharoth, esmagava seus inimigos com força bruta, intimidando pela mera presença.

Por fim, o examinador chamou:

— Próximo combate: Ethan Wyllan contra Bryan Blake!

A multidão silenciou brevemente.

Ethan Wyllan era conhecido por todos—magia avançada, nobreza menor, um jovem belo e arrogante cujos cabelos dourados brilhavam sob o sol, sempre ostentando um sorriso debochado.

Bryan, no entanto, era um nome desconhecido. Um forasteiro sombrio, uma figura estranha que havia chamado atenção apenas por ter chegado à Academia por último, vestido em roupas escuras e portando lâminas incomuns.

— Quem é Bryan Blake? — alguém sussurrou.

— Não vai durar nem cinco segundos contra Ethan…

Bryan não reagiu aos comentários. Apenas caminhou até a arena sob olhares descrentes, curiosos e zombeteiros.

— Ei, forasteiro! — Ethan provocou com um sorriso insolente. — Não fique magoado quando eu te eliminar com o primeiro feitiço.

Bryan não respondeu. Seus olhos âmbar brilharam intensamente, cheios de algo perigoso e faminto.

O juiz ergueu o braço:

— Nenhuma morte é permitida. Nenhuma intervenção externa. Vitória por rendição, inconsciência ou expulsão da arena. Comecem!

Ethan imediatamente conjurou uma esfera ardente, lançando-a em um arco largo contra Bryan. Mas antes mesmo que a chama chegasse perto, o corpo de Bryan sumiu, deixando apenas um borrão no ar.

Ethan não teve tempo sequer de reagir. Sentiu a lâmina fria tocando suavemente sua garganta, apenas um toque superficial, porém devastador o suficiente para perfurar o fluxo de sua aura mágica.

A plateia emudeceu, incapaz de compreender o que havia acontecido.

Ethan cambaleou, cuspindo sangue. A magia em suas mãos se dissipou no ar como fumaça.

— Mas… o que…?

Tentou conjurar novamente, em pânico:

— Ignis Arma—

Mas Bryan já estava atrás dele, lâmina em movimento. Ethan gritou ao sentir o cajado voando longe de suas mãos. O juiz gritou desesperado, pedindo o fim imediato do combate.

— Blake, pare imediatamente!

Mas Bryan não se moveu. Sua lâmina estava perigosamente próxima ao rosto pálido e aterrorizado de Ethan.

A multidão silenciou. Ethan tremia violentamente, incapaz de se mover, completamente dominado pelo medo.

Bryan inclinou-se lentamente e disse com uma calma aterradora:

— Não me importo com seu orgulho vazio ou com seus egos frágeis. Não vim aqui atrás de justiça, honra ou qualquer outro conceito patético de vocês.

Fez uma pausa, pressionando a lâmina um pouco mais perto, seus olhos brilhando perigosamente.

— Vim para esmagar vocês, um por um.

Um círculo mágico surgiu sob Ethan, teletransportando-o rapidamente para a enfermaria, desmaiado e humilhado. Bryan voltou lentamente ao seu lugar, em absoluto silêncio, sem olhar para ninguém.

O nome dele, entretanto, foi gravado profundamente na mente de todos os presentes.

— Esse cara é louco!

— Ele se moveu tão rápido…

— O que ele fez com a aura de Ethan?

— Ele é um monstro…

O painel mágico brilhou claramente:

Bryan Blake — Vitória por Domínio Absoluto

Ainda havia muitos combates pela frente, mas poucos espectadores conseguiam pensar em outra coisa senão naquele estranho rapaz sombrio que havia acabado de mudar o jogo completamente.

Na arena, novos nomes brilhavam nos painéis mágicos:

Deyron Orkan vs. Valir Tharnel

Deyron demonstrou um estilo de combate impecável, desintegrando cada movimento mágico de Valir com precisão assustadora. Sua lâmina encontrava as brechas com frieza cirúrgica, deixando o mago totalmente desarmado.

Kallius Veyren vs. Orran Mirrandel

Kallius exibiu um poder aterrador, congelando o solo e a armadura do oponente com meros gestos, demonstrando claramente o abismo de poder entre ele e os demais concorrentes.

Laerith d'Envarra vs. Faeyn Rotsvale

Laerith moveu-se com graça letal, vencendo com um único movimento calculado, prendendo Faeyn em uma armadilha de mana que o deixou completamente imobilizado.

Finalmente, surgiu o confronto mais esperado:

Bryan Blake vs. Emeran Lyosh

Os dois subiram em silêncio. Emeran, de túnica azul e cajado de prata, encarava Bryan com uma seriedade profunda, sabendo perfeitamente que estava diante de algo que não compreendia completamente.

O combate começou. Emeran avançou agressivamente, golpeando com agilidade e precisão, cada ataque tático e habilidoso. Mas Bryan… Bryan era algo diferente. Cada golpe esquivado, cada defesa calculada, cada contra-ataque absolutamente previsível para ele.

No fim, Emeran ajoelhou-se no chão, exausto, desarmado, encarando Bryan com uma mistura de respeito e perplexidade.

— Eu aceito minha derrota.

Bryan simplesmente virou as costas, sem dizer uma palavra. Não precisava. Todos haviam visto, todos haviam sentido.

Ele não lutava por aplausos. Não lutava por fama. Lutava por algo muito mais profundo—algo que ninguém ali poderia realmente entender.

Emeran ficou em silêncio, olhando suas mãos trêmulas, mas sentindo-se diferente. Não derrotado, mas transformado.

Bryan Blake vencera mais uma vez.

E agora todos, sem exceção, sabiam que ele estava muito acima do que qualquer um deles havia imaginado.

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