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Chapter 11 - 11 - Cheating ?

Bryan estava no centro.

O grupo da facção Sentinelas de Roldan o cercava em semicírculo. As vestes azul-escuro com filetes dourados denunciavam sua afiliação. O que estava à frente era alto, pele pálida, cabelo prateado rente à cabeça, e olhos como lâminas congeladas. Seu nome era Elraen Dovek. Não era o líder da facção — mas se comportava como se fosse. Mago de linhagem nobre, controle avançado de manipulação elemental. Os outros quatro — Kaeren Lys, Velyssia Merrow, Harn Talvek e Milien Rhost — mantinham-se em silêncio, mas com as auras em estado de prontidão.

— "Você vai pagar pelo que fez a Roldan." — disse Elraen, com voz fria, cada sílaba medida como feitiço prestes a ser lançado. — "Isso aqui não é uma favela onde se resolve tudo com os punhos. É a Academia Imperial. Existem regras. Hierarquia."

Bryan olhou-o sem expressão. Suas mãos repousavam junto ao corpo, mas seus olhos... já haviam dissecado o campo inteiro. Três deles eram magos de suporte. Apenas dois tinham ofensiva real. Fracos. Previsíveis. Presos a uma doutrina tão velha quanto podre.

— "Quer lutar?" — disse Bryan, cortando a fala do nobre como faca arrastada sobre vidro. — "Sem rodeios. Sem discursos."

O murmúrio nas arquibancadas intensificou-se. Alguns estudantes começaram a se aproximar, sentindo o cheiro de combate no ar. Era uma mistura de magia e sangue antecipado. Um grupo de veteranos se posicionava mais acima, e, entre eles, o símbolo dourado da Alvorada Arcana reluzia.

No centro do grupo, uma garota de postura ereta e cabelos castanho-claros que desciam em ondas perfeitas até a cintura cruzou os braços. Seus olhos, dourado-pálido, brilharam ao ver Bryan tomar o centro da arena.

— "Uhh, temos um sujeito interessante por aqui..." — murmurou com um meio sorriso. Seu nome era Arhanna Velmira. Com ela estavam Selene Mirkh, magista de expressão dura e que já franzia o cenho, e Naevys Alcor, uma conjuradora jovem com olhar ferino.

— "Ele é arrogante demais." — disse Selene, rosnando como fera incomodada. — "Você viu como falou da facção deles? Isso é uma afronta direta ao conselho estudantil"

— "Esse selvagem não tem modos." — Naevys bufou. — "Faz o que quer, como se o mundo girasse em torno dele."

Mas Arhanna não respondeu de imediato. Seus olhos estavam fixos em Bryan, analisando. Não o julgamento raso da maioria. Observava seu deslocamento, a fluidez do corpo. O tipo de leitura que poucos sabiam fazer.

— "Ele não está tentando ser rebelde." — disse finalmente. — "Ele está avisando."

Na arena, Elraen deu um passo à frente e desenhou o símbolo de duelo com sua varinha de luz: um círculo duplo marcado com a cor púrpura do julgamento. As runas se acenderam.

— "Vamos resolver isso de forma oficial. Um contra um. Diante da Academia."

— "Aceito." — Bryan respondeu. E o silêncio caiu como lâmina.

Ambos entraram no círculo. A multidão crescia. Estudantes do Tier D e até alguns do C se aproximavam, invocando painéis de transmissão para gravar.

O duelo começou.

Elraen atacou primeiro. Um feixe de gelo serpenteou do solo como uma víbora congelante, buscando prender os pés de Bryan. Ao mesmo tempo, quatro setas de luz surgiram ao redor dele — armadilhas de retardo.

Mas Bryan já havia lido o padrão.

Deslizou para a lateral, chutando a pedra runada que controlava a armadilha. Ela explodiu antes mesmo de ativar.

Elraen recuou, surpreso.

Bryan avançou.

Um único golpe com a lâmina curta. Não era para matar. Era para medir.

Elraen bloqueou com um escudo mágico, mas a runa falhou. O escudo partiu-se em duas camadas. A ponta da lâmina de Bryan riscou o ombro do mago. Sangue.

— "Primeiro aviso." — disse Bryan, a voz baixa. — "Você não está no seu nível."

Elraen urrou, ativando três círculos de conjuração simultâneos. Rajadas de vento cortante. Dardos de gelo. E uma parede de contenção que se fechava para restringir o movimento.

Mas Bryan não recuava. Ele... atravessava.

Passo Sombrio. Um flash. A sombra da arquibancada. Teleporte.

Ele surgiu atrás de Elraen.

Cotovelo na nuca. Estalo seco. Elraen cambaleou. A segunda lâmina tocou o flanco esquerdo. Corte limpo. Carne aberta. Um gemido seco.

A arena prendeu a respiração.

Bryan girou o corpo e aplicou um chute lateral na perna do oponente, quebrando o equilíbrio. Elraen caiu de joelhos. Os joelhos racharam a pedra do chão com a força da queda. A terceira lâmina — puxada da cintura — encostou na garganta.

— "Segundo aviso." — murmurou Bryan. — "Quer continuar?"

Elraen rangeu os dentes. Sangue escorria do ombro, da boca. O orgulho impedia a rendição.

— "Eu... não... perdi..."

— "Ah." — Bryan sorriu pela primeira vez. Sem humor. — "Então vamos terminar."

O golpe seguinte foi com o punho. Um soco no estômago. Um impacto seco, sem piedade. Elraen cuspiu sangue.

Outro golpe — desta vez um chute contra o peito. O corpo foi lançado para trás, arrastando-se pelo chão da arena. A multidão estremeceu.

Bryan caminhou até ele. Agachou-se.

— "Você não sabe perder. E não sabe lutar. Vai precisar de muito mais do que orgulho pra me derrubar."

Então se ergueu. Olhou para os outros quatro da facção.

— "Porque agora..." — a voz foi ganhando volume. — "Não vem vocês quatro de uma vez?"

O silêncio da arena quebrou. Murmúrios. Choque.

— "Ele... está desafiando todos ao mesmo tempo?" — alguém murmurou.

— "Esse cara não tem noção!"

— "Isso é suicídio!"

Mas Bryan não sorria. Apenas aguardava.

Foi então que o som seco do dispositivo digital em seu pulso apitou. Uma notificação.

Ele olhou. E bufou.

— "Deixa para outro momento." — disse, virando-se de costas. — "Não tenho tempo pra espancar idiotas."

Deu alguns passos. Depois virou-se de novo. Os olhos âmbar ardiam como brasas negras.

— "Volto aqui depois que minha aula acabar."

Sua voz desceu uma oitava. Baixa. Sombria.

— "Até lá... limpem bem seus pescoços. Porque vou arrancar a cabeça de cada um de vocês."

O grupo ficou estático. Elraen gemia ao fundo, encolhido. Os outros, imóveis.

Insultos começaram a voar.

— "Covarde!"

— "Maldito!"

— "Barbárie!"

Mas Bryan já caminhava em direção ao portão da arena.

Arhanna Velmira ainda o observava.

— "Esse... é diferente." — disse ela. — "E vai quebrar muita coisa antes de se curvar."

Naevys apertava os punhos. Selene bufava. Mas ninguém respondeu.

Bryan deixou a arena em silêncio absoluto.

E os ecos do desafio ficaram no ar como estilhaços de vidro.

O corredor em direção à sala de aula principal da Classe E-1 era amplo, com colunas flutuantes decoradas com inscrições rúnicas que se acendiam conforme os passos ecoavam no mármore encantado. Bryan caminhava com as mãos nos bolsos, silencioso, o olhar fixo no minimapa do dispositivo preso ao pulso esquerdo. A seta pulsava com urgência, indicando que ele estava a poucos segundos do destino.

Quando passou pelas portas duplas de arco mágico, o salão o engoliu com uma luz suave e um calor controlado por feitiços ambientais. A sala tinha formato de arquibancada invertida, cada mesa levemente elevada em relação à anterior. E ela estava cheia.

Todos os olhos se voltaram para ele no instante em que atravessou o limiar.

Bryan não parou. Caminhou direto, em silêncio. A voz da professora cortou o ambiente com leveza e autoridade:

— Senhor Bryan. — A mulher tinha uma voz doce, mas firme como gelo comprimido. — Quase chegou atrasado por alguns segundos... pois bem, escolha um lugar e sente-se.

Ela era alta, com cerca de 1,80m, cabelos verde-musgo ondulados até o meio das costas, olhos âmbar e vivos. Usava um manto elegante com detalhes rúnicos bordados à mão, um colar de obsidiana encantada e botas que deixavam um leve rastro mágico no chão. Sua presença era calma, mas letal — como uma feiticeira de guerra em tempo de paz.

Bryan apenas assentiu e caminhou até a fileira mais alta. Sentou-se na última cadeira, de onde podia observar todos os outros sem ser observado. Alguns alunos trocaram olhares. Outros mantiveram o silêncio, mas a tensão era palpável. Ele havia se tornado uma presença difícil de ignorar.

A professora sorriu com leveza e virou-se para a turma.

— Me chamo Seraphine Lösthra. — Sua voz se espalhou com clareza. — Sou responsável por lecionar Teoria Mágica para a Classe E-1 neste ciclo. Hoje, abordaremos os fundamentos de canalização de mana, conjuração e manipulação arcana.

Ela ergueu a mão.

— A base da magia é a canalização. Conjurar não é apenas lançar — é entender o caminho entre a intenção e o resultado. Existem duas formas principais de conjuração: a verbal, que requer entonação precisa, e a mental, utilizada apenas por aqueles com domínio refinado da própria aura.

Com um gesto suave, um fogo translúcido surgiu em sua palma.

— Este é o exemplo de uma canalização mental. Nenhuma palavra foi dita. Apenas fluxo de mana — dirigido, condensado e executado.

Ela girou o fogo no ar como se fosse um objeto físico.

— Agora, quero que todos façam o mesmo. Concentrem-se. Sintam a mana em seus corpos. Canalizem para o centro — a região entre o peito e o estômago. E me mostrem.

Muitos fecharam os olhos. Alguns tentavam, frustrados. Pequenas luzes surgiam, chamas instáveis, outras apagavam antes de tomar forma.

Seraphine caminhava entre as fileiras, observando atentamente cada um.

— Boa tentativa, Merel. Continue controlando a respiração. — disse, parando ao lado de uma jovem de cabelos vermelhos.

— Excelente controle de aura, Thandor. Mas direcione com mais firmeza. — orientou um garoto alto, que manipulava um raio de energia esverdeada.

Até que ela parou diante de três estudantes na fileira central.

— Deyron Orkan... Laerith d'Envarra... Kallius Veyren. Como esperado. Vocês três dominam a base com naturalidade. — Ela sorriu. — É bom saber que os melhores do torneio também sabem manipular essência mágica.

Eles não responderam. Apenas assentiram.

Bryan permaneceu calado. Não invocou nada. Apenas observava. Mas em sua mente, uma ideia se formava.

"Sistema," murmurou, em pensamento, "você pode gravar os padrões de conjuração de feitiços e replicá-los em imagem 3D, como uma sombra?"

A resposta veio imediatamente, com a voz etérea que só ele escutava.

"Afirmativo. Posso copiar com precisão visual e energética. A reconstrução 3D inclui ponto de origem da mana, direção do fluxo, entonação verbal e mental. Também posso analisar e memorizar variações para acelerar o aprendizado. Adicionalmente, posso adaptar sua musculatura e meridianos internos para conjuração com maior eficiência. Aviso: processo doloroso."

Bryan arregalou levemente os olhos.

Trapacear no mundo real... pensou.

Era uma revelação insana. Uma ferramenta que tornava livros desnecessários. Que transformava aprendizado em absorção bruta.

— Sistema... — sussurrou em pensamento. — Você pode analisar minhas técnicas de espada também?

"Sim. Posso criar uma entidade espectral com suas capacidades atuais. Esse clone simulará um duelo, apontando falhas com precisão total. Inclui tempo de reação, ângulo de corte, eficiência de energia gasta, ritmo respiratório e comportamento de combate. Também posso memorizar livros inteiros com 100% de fidelidade em tempo real."

Bryan fechou os olhos por um instante.

Um sistema que não apenas aprendia — mas reconstruía. Otimizava. Criava a versão perfeita de si mesmo.

— "Então é isso..." — murmurou. — "Uma IA... de guerra."

Quando a aula terminou, Seraphine passou entre as mesas, entregando selos de recomendação para os alunos com dificuldade.

— Aqueles que não dominaram a base de canalização, procurem os livros recomendados na biblioteca. "Fundamentos do Núcleo Interno" e "Controle de Aura para Iniciantes" estarão disponíveis até o fim da semana. — Ela fez uma pausa e encarou a turma. — Treinem. A teoria sustenta o poder, mas só a prática molda Caçadores.

Ao sair da sala, Bryan já tinha decidido.

— Sistema. Vamos para a biblioteca. Quero tudo: técnicas de espada, feitiços, controle de aura. Memorize tudo.

"Confirmado. toque o objeto que você deseja extrair o conhecimento em tempo real."

Ele atravessou os corredores com uma empolgação absurda

Deixando até alguns estudantes com olhares desconfiados

A porta da biblioteca rangeu suavemente quando Bryan a empurrou.

O som não foi de madeira mal cuidada, mas de um feitiço sensível que reconhecia a entrada de um novo aluno. Um leve brilho dourado percorreu o contorno das portas antes de se dissipar no ar. Dentro, a luz era baixa, aconchegante. Luminárias flutuantes em forma de penas azuis pairavam sobre as mesas, exalando uma claridade suave e constante. O teto era abobadado, recoberto de espelhos de mana que refletiam constelações falsas, eternamente em rotação lenta. O ar tinha cheiro de papel antigo, madeira polida e traços de incenso arcano.

Poucos alunos estavam no primeiro andar. A maioria com livros abertos, murmurando fórmulas para si mesmos. Bryan avançou em passos firmes, olhos escaneando o ambiente com o cuidado de quem avalia um campo de batalha.

Foi então que o viu.

O bibliotecário.

Um velho de barba longa, quase translúcida de tão branca. Seu manto azul celeste arrastava levemente pelo chão, bordado com símbolos de runas de esquecimento — encantamentos usados para preservar a paz e o silêncio naquele santuário de conhecimento. Seus olhos eram miúdos, mas brilhavam com lucidez. Ele erguia uma xícara de chá para os lábios quando notou Bryan se aproximar.

— Pois não, jovem? — Sua voz era rouca, mas clara. A entonação marcada por décadas de leitura, não de conversa.

— Estou procurando a seção básica. Canalização de mana. Conjuração de feitiços. — respondeu Bryan.

O velho assentiu com um gesto pequeno, como se soubesse que essa pergunta viria.

— Ala leste. Primeiros corredores após a segunda escada. Estantes marcadas com o símbolo do núcleo de mana. Conjuração básica à direita, circulação e refinamento à esquerda.

— Obrigado. — disse Bryan, e seguiu.

As botas ecoavam baixo no chão de pedra cinzenta. Ao virar o corredor indicado, encontrou as estantes. Livros rústicos, capas de couro, alguns com encadernações vivas que se remexiam quando tocadas. Pegou três. Depois, mais dois.

Sentou-se num dos bancos de madeira rúnica. Abriu o primeiro.

— Sistema, — murmurou mentalmente, — como funciona a memorização em tempo real?

"Inicie a leitura. O processo será automático ao folhear as páginas. Ao final, você receberá o aviso para transferência neural."

Bryan assentiu. Virou a primeira página. Depois outra. E outra.

Poucos segundos depois, aumentou o ritmo.

VIRAR. VIRAR. VIRAR.

Os dedos deslizando como lâminas afiadas sobre o papel. O som seco das páginas sendo vencidas. O conteúdo passava diante dos olhos como flechas disparadas, mas o cérebro — auxiliado pelo sistema — absorvia tudo.

O sistema falou:

"Muito bem. Conteúdo apreendido. Deseja transferir para o cérebro?"

— Sim. — respondeu ele, sem hesitar.

A dor veio como uma fisgada repentina. Um choque atrás dos olhos. Os neurônios latejaram como se tivessem sido empurrados para um novo limite.

— Ufff... é só um enjoo. — resmungou, apoiando os dedos na testa por dois segundos.

E voltou.

Começou a folhear mais e mais livros. Num ritmo que nenhum humano normal consideraria leitura. Um dos estudantes da ala próxima o encarou com expressão de espanto.

— Que... garoto estranho. — murmurou o erudito de primeiro ano. — Ele pega os livros e... só folheia? Isso não é estudar. — resmungou e desviou o olhar.

Mas Bryan continuava.

Técnicas de feitiços básicos. Circulação de aura. Esgrima fundamentada. Anatomia arcana. Listas de monstros do império, suas fraquezas, seus habitats. Ele engolia o conteúdo como um poço sem fundo.

Até que se aproximou do balcão mais uma vez.

— Posso acessar os andares superiores?

O velho bibliotecário ergueu os olhos. Bryan estendeu o pulso esquerdo, revelando o dispositivo mágico. O cristal flutuante exibiu seu nome com destaque: BRYAN BLAKE – CAMPEÃO DO TORNEIO DA CLASSE E-1.

O velho arqueou uma sobrancelha, depois sorriu levemente.

— Muito bem... campeão. Tem acesso até o terceiro andar. Suba pela escadaria principal. Evite barulho. No terceiro, há grimórios sensíveis à emoção.

Bryan assentiu e partiu, os passos ecoando enquanto subia os degraus.

O terceiro andar era mais escuro. Mais silencioso.

A arquitetura mudava. As prateleiras eram mais distantes, os livros protegidos por pequenas barreiras mágicas. O ar era mais denso — como se carregado de expectativa.

Bryan subia os degraus de pedra mágica com passos firmes. O bracelete arcano no pulso emitia uma luz constante e suave, sinalizando que ele estava em uma área restrita — reservada a alunos com mérito. E, mesmo assim, ele não parecia hesitar. Não andava como quem pedia permissão. Apenas... existia.

À frente, uma seção específica o chamava: Técnicas de Espada com Canalização Avançada.

Mas a entrada estava bloqueada.

Três rapazes e duas garotas formavam um semicírculo despreocupado diante da estante. Roupas personalizadas, insígnias do Tier B bordadas em prata e safira. Veteranos reconhecidos. A elite informal da Academia. O tipo de gente que se achava dona de tudo ao seu redor.

— Vamos, Melissa... — dizia um rapaz loiro de olhos verdes, voz aveludada, sorriso moldado. — É só um convite de festa de boas-vindas.

Melissa, cabelos negros lisos até a cintura, virou-se levemente, entediada.

— Kyle, não é que eu não queira ir... Só não quero ir com você. E muito menos com esse teu bando de idiotas.

— Nossa... — murmurou um rapaz alto, cabelo preto desalinhado. — O irmão dela vai estar lá. Traz uma amiga também, vai...

— Ryan, seu tarado... — disse uma das garotas do grupo, dando um risinho.

Mas, antes que qualquer outra provocação escapasse, uma voz cortou o ar como uma lâmina nua.

— Com licença.

Melissa virou automaticamente, com um suspiro na ponta da língua. Mas, quando o olhar dela encontrou a figura à sua frente... ela parou.

Ele não era o que ela esperava.

Bryan estava parado ali. Uniforme negro ajustado, filetes prateados nas costuras, cabelos brancos lisos com franjas longas caindo sobre a testa, 1,90m de altura, olhos âmbar intensos e um queixo esculpido com precisão aristocrática. Exalava uma aura elegante, mas havia algo brutal por trás dela — como uma lâmina escondida dentro de um véu de seda.

Melissa piscou uma vez, confusa. A postura dele era ereta, inabalável. Ele olhava para os livros — não para ela. Como se o grupo não estivesse ali.

— Você... — ela começou, surpresa. — Quem é você?

Bryan não respondeu. Apenas ergueu o queixo na direção da prateleira atrás deles e disse.

— Estão no caminho.

Kyle soltou uma risada breve. Olhou para os outros, confuso. Como se tivesse ouvido errado.

— Hã... Tá brincando, né?

— Você sabe com quem tá falando, novato? — completou, já com um pé na hostilidade.

Bryan o encarou por meio segundo.

— Não. — respondeu com naturalidade. — E honestamente... não me importa.

A frase não foi dita com deboche, nem com raiva. Foi só... direta. Como uma ordem silenciosa.

Ryan bufou de riso.

— Esse maluco caiu da onde?

— Deve ser algum da Classe E. Sabe como é... eles andam soltos agora — comentou a outra garota.

— Mas ele é bonito, viu. — murmurou Melissa em voz baixa, ainda encarando Bryan com um traço de espanto.

— Isso foi sexy ou ameaçador? — comentou sua amiga, sem disfarçar o interesse.

— Os dois. — Melissa respondeu antes de pensar.

Bryan deu um passo à frente.

— Ou vocês vão sair... ou eu vou passar.

Kyle apertou o punho. Estava prestes a dizer algo, talvez forçar uma humilhação pública, mas hesitou.

Os olhos âmbar de Bryan não carregavam desafio. Carregavam... certeza.

Melissa mordeu o lábio inferior. Sua expressão oscilava entre desconfiada e impressionada.

— Quem... quem é esse cara?

Bryan passou entre eles. Escolheu um grimório de capa negra, letras em prata: "Forma e Espírito: Técnica de Canalização com Lâmina". Folheou com uma mão só. Página por página, como se absorvesse conteúdo com o toque dos olhos.

Ryan o observava, tenso.

— Ele tá agindo como se fosse dono do lugar...

Bryan fechou o livro com um estalo seco. E, sem olhar para trás, disse:

— Donos fazem barulho. Eu só vim aprender.

A frase pairou no ar como uma maldição.

E ele virou o corredor... deixando para trás um grupo inteiro de veteranos sem resposta.

No andar superior da biblioteca, onde apenas os membros de alto escalão possuíam acesso, uma figura permanecia sentada, levemente recostada na cadeira de leitura de madeira negra encantada. Não havia movimento algum em seu corpo — mas os olhos observavam. Frios, fixos, silenciosos.

Seu uniforme era negro, com detalhes carmesim. A gola longa ocultava parte do pescoço, e a capa pendia como uma sombra viva. O símbolo bordado no ombro era impossível de ignorar: uma lâmina prateada atravessando uma lua negra.

O sujeito disse em voz baixa - Bryan Blake - Classe E - Casa Queda da Neve - Família de Classe Nobre Baixa Hmm...

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