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Chapter 12 - 12 - New Skills

Enquanto Bryan sumia pelo corredor curvo da ala oculta do terceiro andar, um silêncio incômodo pairou sobre o grupo. Ryan passou a mão pela nuca, forçando uma risada:

— O que foi isso, hein?

Melissa ainda olhou, sem responder. Os olhos fixos no vazio, no lugar onde Bryan estivera segundos atrás. Ela franziu o cenho, como se algo tivesse encostado na espinha.

— Vocês... sentiram aquilo?

— O quê? — retrucou Kyle, ainda incomodado com o que considerava um desrespeito. — Um lunático que você acha que pode dar sermão em qualquer um?

— Não. —Melissa murmurou. — Aquilo não era pose. Nem provocação.

Luenn cruzou os braços, abrindo os livros nas mãos.

— E desde quando isso é importante? Sempre aparece um tentando parecer especial.

— Esse não está preparado. — disse Melissa, quase sem perceber que falava.

 Kyle ainda ruminava a situação.

— E aquele uniforme dele... você viu? Era padrão de Tier E, mas ajustado como se tivesse sido costurado sob medida.

Ryan respondeu:

— Deve ser só mais um desses plebeus tentando bancar o mistério. Vai resumir em um mês.

Melissa, dessa vez, não respondeu. Apenas fechei o livro com mais força do que o necessário.

Bryan ainda era um nome desconhecido nos registros principais.

Mas não por muito tempo.

Bryan folheava calmamente o último grimório que retirara da seção de esgrima avançada. As informações recém-absorvidas ainda pulsavam em sua mente como marcas gravadas a fogo: diagramas de técnicas de fluxo de mana pelas articulações, padrões de investida veloz, fundamentos de corte de aura.

Ele fechou o livro com um leve baque abafado e, ao fazer isso, o bracelete mágico no seu pulso piscou em um tom âmbar.Uma notificação vibrante surgiu no ar, como se a própria mana o convocasse:

[Nova Atividade]➤ Aula de Prática de Combate - Início imediato.➤ Local: Arena Leste - Sala de Treinamento 3-A.➤ Instrutor: Mestre Mervin Calder.

Bryan encarou a notificação por alguns segundos. Depois, relaxou os ombros.Levantou-se, empurrando a cadeira para trás com o mínimo de ruído. Estava na hora de ver como suas novas aquisições teóricas se comportariam na prática.

Quando já caminhava em direção às escadarias de descida, outra questão cresceu em sua mente, insistente.

Ele chamou o sistema em pensamento:

— "Sistema. Se memorizei todos aqueles livros... por que não recebi novas habilidades?"

A resposta veio com a mesma clareza impessoal de sempre, como se falasse diretamente dentro de sua mente:

[Sistema: "O ato de memorizar não equivale ao domínio prático.As habilidades do sistema só serão registradas como competências quando o usuário realizar a execução real das técnicas ao menos uma vez de forma completa e eficaz.Teoria é conhecimento. Execução é aquisição."]

Bryan franziu ligeiramente o cenho, assimilando a lógica.

Fazia sentido.

A Torre, o Sistema, a Academia... nada premiava simplesmente a memória. Era preciso agir. Era preciso forjar.

Ele desceu as escadas sem mais hesitar, atravessando os corredores já mais movimentados àquela hora. Estudantes iam e vinham em pequenos grupos: alguns animados, outros ansiosos. Bryan passava por eles como uma sombra, ignorando as olhares curiosos, os sussurros que mal tentavam disfarçar.

Ao chegar a Arena Leste era um complexo semicircular, com paredes altas entalhadas em pedra azulada encantada. Portais flutuantes levitavam acima, conectando os campos de treino às áreas de observação. Logo na entrada, havia três corredores distintos para divisão de classes. Bryan seguiu pela ala da Classe E-1, conforme indicado no bracelete.

Ao chegar na Sala 3-A, foi recebido por uma visão simples, mas imponente:

O campo de prática da Arena Leste era vasto, ancorado em uma geometria perfeita.O chão, feito de pedra polida, refletia as runas de conjuração como rios de luz sob um céu nublado. As paredes, altas e circulares, eram revestidas com escudos mágicos que absorviam impactos e mana dispersa.

Bryan cruzou o limite do campo em passos lentos.

Seus cabelos brancos, levemente desalinhados pelas brisas de mana, destacavam-se em contraste brutal com o uniforme negro de filetes prateados que moldava seu corpo esculpido.Ele parecia uma lâmina viva, afiada e silenciosa.

Alguns alunos já estavam reunidos ali — divididos em pequenos grupos.

Não era difícil reconhecê-los.

O top 10 da Classe E-1 estava quase todo presente.

➤ Laerith d'Envarra, postura firme, cabelos dourados presos num coque simples, analisava tudo com olhos claros e atentos.

➤ Kallius Veyren, de cabelos prateados lisos e olhar glacial, encostava-se com indiferença a uma das colunas mágicas da arena, braços cruzados.

➤ Deyron Orkan, cabelos negros e expressão esculpida em gelo, apenas observava em silêncio, como se nada ali fosse digno de sua atenção.

E, claro, outros tantos veteranos estavam espalhados:alunos que haviam sobrevivido ao torneio classificatório, todos já familiarizados — ou ao menos alertados — sobre quem Bryan Blake era.

Quando Bryan entrou, não houve cochichos imediatos.

Houve silêncio.

Aquela sensação de campo gravitacional que arrastava olhares.

Uma jovem de estatura mediana, cabelos pretos presos em duas tranças laterais, olhos cor de âmbar — Miryel Saerne, oitava colocada no torneio — sussurrou para sua colega ao lado:

— "Ele é ainda mais intimidador de perto..."

Sua amiga, Veyra Luthain, cabelos castanho-avermelhados cortados curtos e sardas leves sobre o nariz, respondeu quase engolindo em seco:

— "Você viu o duelo de exibição? Ele esmagou Ethan como se fosse um boneco."

Em outro canto, Ruvan Deryth, rapaz alto, cabelos cinza-escuro desgrenhados e olhar sempre desconfiado, resmungou em voz baixa:

— "Ele... não é normal. Se move como um predador que não liga se te arranca a garganta ou só passa direto."

Até Kael von Rheinhardt, normalmente frio como pedra, apertou levemente os braços cruzados, olhos fixos em Bryan.

— "Monstruoso..." — murmurou.

No centro do campo, aguardando como um velho predador, estava o instrutor.

Mervin Calder.

Homem alto, cerca de 1,98, ombros largos, cabelo negros curto estilo militar, barba curta bem aparada e olhos âmbar como brasas adormecidas.Usava uma túnica negra reforçada com couro de drake sobreposta a camadas de tecidos rúnicos, projetando uma imagem de alguém que já havia matado — e sobrevivido — muitas vezes.

Ele cruzava os braços enquanto observava os alunos em silêncio, como quem pesava o valor de cada um antes de decidir se era digno de um olhar mais longo.

Quando Bryan se aproximou, o olhar de Mervin se fixou nele por um instante mais longo do que o normal.

Um leve levantar de sobrancelha.

Mas nenhum comentário.

Bryan caminhou até se posicionar na fila, sem pressa, sem ansiedade, como se tivesse toda a eternidade para aquele gesto.

Mervin então descruzou os braços e deu um passo à frente.

Sua voz era como pedra arrastada sobre pedra — firme, pesada.

— Aula prática de hoje: Avaliação de Combate e Aplicação de Técnicas Básicas.

Ele passou o olhar por toda a turma.

— Não me importam seus sobrenomes. Suas casas. Suas fortunas. Aqui... são apenas números. Instinto. Técnica. Sobrevivência.

Mervin girou a mão no ar, e no centro da arena, um círculo de runas começou a se acender, criando uma plataforma mágica de duelo.

— Vamos começar com combates de observação. Cada um enfrentará um oponente de maneira direta. Não quero floreios. Não quero apresentações. Quero eficiência.

Ele apontou para uma jovem de cabelos vermelhos amarrados em trança — expressão afiada, estatura mediana.

— Você. — então, apontou para outro rapaz de físico mais robusto. — E você.

Os dois caminharam para o centro sem hesitar. O duelo começou.

Bryan observava.Seus olhos âmbar capturavam cada detalhe: o jeito que os pés se posicionavam, o ritmo da respiração, os padrões de mana que se expandiam em torno dos combatentes.Era análise fria, matemática, quase cruel.

O combate foi rápido — três minutos, dois feitiços, um golpe direto.

Mervin acenou, impassível.

— Próximos.

Assim a sequência continuou: duelos intensos, mas previsíveis.Muitos estudantes ainda não dominavam a canalização de aura para reforçar o corpo, ou gastavam mana de forma ineficiente.

Bryan via todas as falhas. Cada uma.

Até que...

O instrutor finalmente apontou para ele.

— Você. — o dedo de Mervin era pesado como um veredicto. — Último a chegar. Vamos ver se também é o último a cair.

O adversário de Bryan já estava escolhido: Vern Helwitt.

Um dos classificados no Torneio.Especialista em lâminas duplas mágicas.Nível respeitável. Postura firme.

Bryan não respondeu. Apenas caminhou para o centro do campo de treino.

Do outro lado, Vern Helwitt já se posicionava.

Vern era bem conhecido:— Cabelos dourado-escuros, olhos azuis de quem nasceu sob brasão nobre.— Especialista em lâminas duplas energizadas.— Terceiro lugar geral no último exame prático.

Vern sorriu ao ver Bryan parado ali — imóvel, mãos nos bolsos.

— "Tente não desmaiar rápido demais, Campeãozinho."

Bryan permaneceu em silêncio.

O sinal de início foi dado.

Vern avançou como uma tempestade.

Feitiços de reforço brilharam em seus tornozelos e pulsos.Ele cruzou a distância em segundos, girando as lâminas em arcos cortantes.

Bryan sequer sacou uma arma.

Ele desviou.

De novo. E de novo de forma milimétrica.

Cada ataque de Vern cortava apenas o ar ou as dobras da túnica de Bryan.

A frustração começou a se acumular no rosto de Vern.

Ele recuou, canalizando energia nas lâminas.Uma sequência de golpes de aura cortante explodiu para frente, como chicotes de vento afiado.

Bryan, finalmente, se moveu.

Ele inclinou o corpo para frente e sumiu.

Vern arregalou os olhos.

Bryan estava atrás dele.

Antes que pudesse reagir, Bryan acertou um soco direto nas costelas.O som seco ecoou pela arena.Vern cambaleou — tentou contra-atacar — mas Bryan já girava o corpo, levantando o joelho em uma ascensão brutal, que acertou a mandíbula do adversário.

O impacto ergueu Vern do chão.

Bryan então segurou o pescoço da túnica de Vern no ar e, sem hesitar, o arremessou como um boneco contra o limite do campo de runas.

Vern caiu com um baque feio.

Tentou levantar.

Cuspia sangue.

A arena silenciou em peso.

Bryan andou lentamente até ele.

Abaixou-se, olhos âmbar fixos nos olhos arregalados de Vern.

Sua voz saiu baixa, quase inaudível para o restante da turma:

— "Se você levantar de novo... eu quebro algo que não conserta fácil."

Vern, tremendo, afundou de novo no chão.

Derrotado.

O sistema então ecoou na mente de Bryan:

[Sistema: Nova Habilidade Registrada!]➤ Caminho Quebrado (Passiva):Aprimora a leitura de aberturas corporais no oponente durante combate corpo a corpo. Aumenta chance crítica em 20% contra alvos feridos ou cansados.

➤ Fluidez Adaptativa (Ativa - Rank D):Permite ao usuário alterar seu estilo de ataque instintivamente com base nas falhas de postura do oponente. Recarga: 20s.

Bryan piscou devagar.

As notificações sumiram tão discretamente quanto vieram.

Ele virou-se sem cerimônia.

Enquanto caminhava de volta à lateral da arena, podia sentir os olhares sobre ele.

Aqueles que o olhavam não tinham mais olhares curiosos.

Agora, eram olhos atentos. Respeitosos. Ou temerosos.

Miryel Saerne sussurrou, incrédula:

— "Ele sequer usou mana... como...?"

Laerith d'Envarra sorriu de leve, os olhos se apertando em interesse.

— "Ele vai subir rápido."

Deyron Orkan apenas observou, o canto da boca se erguendo em algo que poderia ser um sorriso.

Foi então que as portas pesadas do setor lateral se abriram com estrondo.

— "Ora, ora... olha quem temos aqui." — ecoou uma voz insolente.

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