Sentamos de volta no armazém, em volta de uma mesinha dobrável, como dois velhos conhecidos fechando um negócio qualquer.
Baek Hojin largou uma velha maleta enferrujada sobre a mesa e abriu, revelando uma pilha pequena de contratos amarelados.
Ele tirou um papel e empurrou para mim.
— Aqui está o acordo — disse, casualmente. — Leitura opcional. Confiança obrigatória.
Peguei o contrato e comecei a ler com cuidado.
Basicamente, eu seria um auxiliar.
Meu trabalho seria: carregar materiais, ajudar a montar acampamentos, ficar de vigia — e, claro, sobreviver.
Em troca, receberia uma parte dos lucros das caçadas e um salário fixo mensal.
Li a quantia.
Era menos do que eu esperava.
Mas... ainda assim, três vezes mais do que eu fazia lavando pratos.
— Isso é o que paga um auxiliar? — perguntei, hesitante.
Baek riu.
— Garoto, no começo você é mais peso morto do que ajuda. Esse salário é bom demais, acredite.
Suspirei.
Assinei.
Era isso ou voltar a vê-la definhar sem fazer nada.
— Então — disse Baek, recolhendo o papel. — Nosso primeiro destino será uma parte da Terra Espelhada onde poucos ousam pisar.
Ele abriu um velho mapa rasgado, apontando uma região marcada em vermelho.
— Vamos caçar uma Espécie Terrestre Primordial: o Kongmoru.
Arregalei os olhos.
— Kong... o quê?
Ele sorriu, como se saboreasse o nome.
— Kongmoru. Uma raça de macacos humanóides ancestrais.
Fortes como montanhas, rápidos como vendavais, e... — fez uma pausa dramática — ...capazes de provocar terremotos com os punhos.
Senti um calafrio na espinha.
— Vamos... caçar isso?
— Mais ou menos — disse ele, relaxado. — Primeiro, vamos passar um bom tempo lá dentro.
Você precisa despertar seus talentos antes de pensar em enfrentar qualquer coisa desse nível.
Meu coração batia forte de nervosismo e excitação.
Eu realmente ia entrar na Terra Espelhada.
Mas então, me lembrei.
Eunha.
Minha irmã.
Meus olhos baixaram para o chão.
— Senhor Baek... — comecei, hesitante. — Minha irmã está... doente. Eu... eu preciso vê-la todo dia.
Ela não tem mais muito tempo...
Minha voz falhou.
O armazém ficou em silêncio.
Baek me olhou por alguns segundos, o sorriso preguiçoso desaparecendo.
Então, deu um leve suspiro.
— Você terá uma hora por dia.
Ergui a cabeça, surpreso.
— Eu... sério?
— Regras são regras, garoto. E a primeira regra aqui é: não se esqueça de quem você está tentando salvar.
Ele pegou algo do bolso — um pequeno relógio de bolso antigo — e colocou em cima da mesa.
— Usaremos isso para regular seu tempo.
Quando der sua hora, voltamos para o mundo normal. Sem desculpas.
Segurei o relógio com cuidado.
Não era apenas um objeto.
Era a promessa de que eu ainda teria tempo para estar ao lado dela.
— Obrigado... Senhor Baek.
Ele riu.
— Senhor Baek nada. Me chame de Hojin, ou de "chefe", se preferir.
Levantei a cabeça, sentindo o peso da responsabilidade... mas também a luz da esperança.
Era oficial.
Eu estava entrando para aquele mundo brutal.
E faria qualquer coisa para me tornar forte.
Por ela.
Por nós.