O riso finalmente desapareceu, substituído pela respiração ofegante de dois corpos exaustos esparramados na lama. Alara enxugou as lágrimas dos olhos, seu sorriso se dissolvendo enquanto a dor nas costelas se manifestava. "Ai...", ela gemeu, tentando se levantar com os braços trêmulos. Kalel também se sentou, verificando seus membros um por um, como se estivesse se certificando de que todos ainda estavam no lugar. "Você é surpreendentemente forte", comentou, com um toque de divertimento na voz. "Obrigada", murmurou Alara, tentando limpar a sujeira do cabelo — com pouco sucesso. As folhas pareciam determinadas a se tornar parte dela.
Ao redor deles, a floresta havia mudado. As árvores ali eram diferentes — retorcidas e antigas, com a casca enegrecida como se queimada pelo fogo. O chão sob seus pés era macio, quase esponjoso, e o ar carregava um gosto metálico que grudava na garganta. Um arrepio percorreu a espinha de Alara. "Onde diabos fomos parar?" Kalel se levantou, oferecendo a mão. Ela hesitou por meio segundo antes de aceitá-la. O toque foi breve, mas Alara sentiu: uma pulsação estranha, como o eco de um batimento cardíaco que não era o dela. Kalel não pareceu notar. Ele já examinava a área com olhos penetrantes e atentos. "Estamos perto", disse ele, quase para si mesmo. "Perto de quê?" perguntou Alara, limpando a sujeira da calça. Kalel limpou o sangue da boca com as costas da mão e gesticulou firmemente para que ela o seguisse. "Rápido. Não estamos seguros."
Antes que pudessem dar o primeiro passo, um som viscoso preencheu o ar — como carne arrastando-se sobre pedra. Ambos congelaram. Da escuridão à frente, algo se moveu. O som de carne molhada raspando foi acompanhado por estalos secos — como galhos estalando sob algo pesado. Kalel ficou tenso. Seus olhos sempre calmos se estreitaram em absoluto estado de alerta. Da névoa crescente, algo emergiu.
Uma criatura horrenda, meio rastejante, meio ereta. Seus membros eram finos demais, curvando-se de maneiras que desafiavam a lógica humana. Sua pele pálida refletia a pouca luz que havia, esticada firmemente sobre ossos afiados e salientes. Garras raspavam raízes expostas, cavando sulcos profundos na madeira. O som era insuportável, como pregos em um quadro-negro. E então, a pior parte: o cheiro. Uma podridão úmida, misturada com algo ácido — como carne deixada para apodrecer sob o sol. O fedor era uma mistura sufocante de mofo, sangue e algo pior... algo morto há muito tempo.
Kalel imediatamente se colocou entre ela e a criatura. Ele sacou a adaga negra na mão direita, mesmo ferido, mesmo cambaleando. "Não o olhe nos olhos", sussurrou. Alara engoliu em seco. Mas era tarde demais.
Os olhos do monstro — duas fendas rasgadas brilhando com um amarelo doentio — fixaram-se nos dela. Era como ser engolida por um pântano. O corpo de Alara congelou. Seu coração batia tão rápido que parecia que ia explodir. A criatura soltou um som gutural — meio rosnado, meio lamento — e investiu, encurtando a distância entre eles com uma velocidade sobrenatural.
Kalel reagiu instantaneamente. Seus pés afundaram na lama enquanto ele se lançava para frente, sua lâmina cortando em um arco prateado. O corte atingiu o flanco da criatura, rasgando a pele como papel molhado. O monstro gritou, um grito agudo que fez até as árvores tremerem. Galhos estalaram acima deles, folhas chovendo.
Mas a criatura não recuou. Girou grotescamente no ar e atacou com uma garra o rosto de Kalel. Ele se esquivou por um fio de cabelo, rolando de lado sobre a grama úmida. Ao se levantar, uma careta de dor cruzou seu rosto — o ferimento anterior ainda o retardava. A criatura viu a brecha. Ignorou Kalel por um instante e investiu contra Alara.
Ela cambaleou para trás instintivamente, tropeçando em raízes escondidas sob o tapete de folhas mortas. Seu coração batia tão forte que a ensurdeceu. As garras da criatura se aproximaram tanto que ela pôde sentir o ar se rasgar. Seus olhos deformados se fixaram nos dela. Sua boca desdentada se contorceu em um sorriso grotesco.
As pernas de Alara cederam. O terror a imobilizou. Ela sentia o hálito quente e pútrido da criatura contra a pele. Kalel gritou algo — um aviso, talvez — antes de se jogar entre elas. Ele conteve parcialmente o golpe do monstro, que rasgou a manga de sua jaqueta e abriu três cortes profundos em seu braço.
O sangue fluiu rapidamente, escuro contra o tecido rasgado. Com um rugido de pura fúria, Kalel atacou. Cada golpe era selvagem, porém preciso, a adaga brilhando sob a tênue luz da floresta. Ele golpeou o pescoço da criatura, mas sua pele era dura, como couro velho. Ele teve que cravar a lâmina profundamente e torcer, usando todo o peso do corpo para rasgar os tendões. O monstro gritou, seus membros se contraindo grotescamente. Mesmo assim, tentou agarrar Alara.
Ela se pressionou contra uma árvore, incapaz de mover um único músculo. Kalel viu e aproveitou a oportunidade: com um giro preciso, cravou a lâmina no crânio da criatura, bem entre seus olhos venenosos. A criatura convulsionou violentamente, espirrando um líquido escuro e denso que cheirava a ferrugem e decomposição. Finalmente, desabou. O impacto sacudiu as raízes menores ao redor.
Kalel ficou ali parado por um momento, ofegante, com a adaga ainda enterrada no crânio da criatura. Só então, com um gemido de dor, puxou a arma e cambaleou para trás. A floresta ao redor parecia mais silenciosa agora. Mas era o tipo errado de silêncio — anormal, como se todos os seres vivos estivessem apenas esperando.
Kalel virou-se para Alara, com o olhar severo e exausto. "Se não sairmos daqui agora", disse ele com a voz rouca, "não viveremos para ver o amanhecer." Alara, trêmula, apenas assentiu. E juntos, ainda manchados de sangue e lama, desapareceram entre as árvores retorcidas — adentrando cada vez mais uma floresta que parecia cada vez menos viva e cada vez mais faminta.